
John Stott, em sua obra “A Mensagem do Sermão do Monte” comentando o “Pai Nosso”, assim se expressa: “O nome de Deus não é uma combinação das letras D, E, U e S. O nome representa a pessoa que o usa, o seu caráter e a sua atividade. Portanto, o „nome‟ de Deus é o próprio Deus, como ele é em si mesmo e se tem revelado. Seu nome já é „santo‟, portanto, é separado e exaltado acima de qualquer outro nome.” p. 150-151.
Quando Jesus nos ensina, na Oração Dominical que devemos santificar o nome de Deus, esta é uma forma positiva de relembrar o que nos exige o terceiro mandamento da Lei do Senhor, ou o Decálogo: “Não tomará o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus” Dt 20:7.
Curioso, ainda, é que em toda a Bíblia, Deus se revela de muitas maneiras, deixando transparecer, pelos seus “nomes”, a si atribuídos, aspectos de sua Pessoa. Na somatória desses “nomes”, temos a síntese do caráter divino. Por eles, sabemos quem é Deus, como age e reage sobre a História do Mundo e o destino dos homens.
Por outro lado, „os nomes usados para referir-se a Deus dão alguma indicação de seu caráter” (GILES, J. E. “Bases Biblicas de la Etica”, p. 26-27).
Vamos agora ver alguns desses nomes:
“Elohim”. “Esta palavra é usada nos primeiros capítulos do Gênesis e aparece no Velho Testamento mais de 2.500 vezes. Basicamente tem o sentido de “poder” e “força”. Este poder de Deus significa sua fidelidade para cumprir o que tem prometido. O salmista confia em seu Deus “Elohim”, porque sendo Deus de poder sem limites é Deus de confiança. A terminação “him” de “Elohim” é o plural na língua hebraica, significando aqui o plural majestático. Infere-se desta palavra a participação do Deus triuno. Assim temos o poder da Trindade agindo no ato da Criação, Gn 1:1 (“No princípio criou Elohim os céus e a terra”), bem como a confiança que os crentes podem ter num Deus assim, Salmo 91:1-2 ( “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio, em quem confio”).
“Yahveh”. Esta palavra é a mais usada no Velho Testamento e indica Deus como o eterno, imutável que nunca pode ser outra coisa. Yahveh é reto e exige retidão dos homens. No Salmo 11, versículo 7, temos a seguinte expressão: “Porque Yahveh é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face.”
“Adonai”. Significa “Senhor”, implicando ao homem a absoluta obediência que ele deve render a Deus. Os escravos usavam esta palavra em referência aos seus amos que tinham direito de vida e morte sobre eles.
“El Shaddai”. É o Deus Todo Poderoso e todo suficiente para suprir todas as necessidades dos homens. Infelizmente, muitos evangélicos têm abusado deste nome, talvez por ser sonoro e atraente, colocando-o em lanchonetes, livrarias, lojas, e até em oficinas. Acredito ser isso um abuso pecaminoso por parte dos crentes. Seria bom lembrar que não podemos tomar o Nome de Deus em vão. Vamos ser criativos, mas, sem atentar contra a santidade de Deus e a banalização do seu Nome.
“Yahveh Tsebaoth”. Significa “o Senhor dos Exércitos”, ou “O Eterno dos Exércitos”. É aquele que comanda todos os exércitos dos céus e da terra e contra a sua força não há poder que resista.
Diante de tanto poder e soberania, ao adorador só cabe o sentimento de temor reverencial, acatamento e a profunda humildade ao reconhecer a sua insignificância diante de tanta majestade.
Por outro lado, é bom não esquecermos que é a esse Deus maravilhoso e “totalmente outro” que Jesus nos ensina a chamá-lo de “Pai”. Ter como pai alguém como o nosso Deus é a maior das dádivas de toda a história da nossa vida. É exatamente por isso que Jesus nos recomenda sempre a expansão ilimitada da nossa fé, bem como, o exercício permanente de nossa voluntariosa comunhão com Deus, através da oração, da qual a oração do “Pai Nosso” é modelo.
Se conhecemos a Deus, o nosso Pai, como Jesus conhecia, então, poderemos dizer como o apóstolo Paulo o fez: “Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em toda as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” Filipenses 4:12-13.
Rev. Manoel Peres Sobrinho
Colaborador do Blog Brasil com Jesus
Membro da Academia de Letras de Votorantim - SP
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